Software Público Brasileiro

Prezados,
De fato, sei que existem boas iniciativas para prover o SEI de maior acessibilidade e, em relação à primeira versão que tive oportunidade de conhecer, há melhorias significativas.
Não era possível, por exemplo, ler os metadados exibidos na listagem dos processos.
A despeito disso, as dificuldades são ainda tão significativas que não consigo utilizar o SEI. O uso do editor é inteiramente inviável, então, pensei que, ao menos com documento externo, poderia interagir.
Embora não seja confortável ou produtivo, pode-se dizer que se pode incluir documentos externos com acessibilidade. No entanto, se é possível incluir documentos externos, encontrá-los posteriormente não é missão trivial.
Digito termos no campo de busca e tenho enorme dificuldade para achar o local em que são exibidos os resultados. Se houvesse um cabeçalho, bastaria utilizar o atalho do leitor de telas relativo a cabeçalhos. Esta é uma característica do SEI: ele não aproveita a Navegação Estrutural, recurso largamente utilizado pelos principais leitores de tela.
Mas em algum momento, encontro a lista de resultados. Ela não parece ser uma lista, não parece ser uma tabela... Enfim, novamente não aproveita os recursos de Navegação Estrutural do leitor de telas. Tentava encontrar o primeiro documento que eu sabia ser um despacho, mas somente visualizava o segundo que era um relatório. Então, utilizei o comando de busca na tela, existente no leitor de telas. Ele encontrou o despacho, mas não parecia estar na ordem e, de fato, sei que a ordem existia.
O fato é que, deste modo, o uso é profundamente inseguro. Posso dizer: "Faltou o Despacho", mas a verdade é que a acessibilidade, sendo ainda muito deficiente, não me fornece segurança no uso.
Deveria eu utilizá-lo para que pudesse cá reportar problemas e, assim, contribuir para sua melhoria. Mas o fato é que, hoje, o uso, para mim, é tão penoso, que acabo por perder muito tempo e, assim, a minha produtividade se esvai inteiramente. Por isso, tive de optar pelo abandono da ideia de utilizar o SEI. Embora não goste da ideia de onerar um colega com a tarefa, não restou-me outra alternativa senão produzir os documentos e contar com um colega para instruir o processo para mim.
É possível que haja algum meio de contornar estas dificuldades com aquilo que se tem? Bom, esta possibilidade sempre existe. Sou usuário experiente de leitores de telas, mas isso não quer dizer que alguém não tenha conseguido utilizar algum truque. Ainda assim, tenho certeza de que se tratará de truque. O uso normal, utilizando a Navegação Estrutural e outros recursos comuns a leitores de telas, não produzem bons resultados.
Na minha opinião, o SEI deveria:

1. Exibir o resultado da pesquisa em uma tabela, pois deste modo, facilmente poderia navegar entre as colunas;

2. Transformar objetos clicáveis, utilizando onclick, em links comuns com ;

3. Separar as informações das páginas em cabeçalhos, possibilitando saltar informações.
Existem, de certo, diversos outros ajustes de acessibilidade, mas não tenho conhecimentos técnicos que me permitam ir muito longe.
O fato é que o SEI, tão desejado por mim por tornar digitais processos que de outro modo, somente seriam lidos se digitalizados, não se tornou uma solução, como eu tanto desejava, mas ao menos por ora, um problema.
Em algumas partes de minha mensagem, mencionei a Navegação Estrutural. Mas o que ela realmente é? É uma forma de saltar conteúdos. Se um sistema possui todas as imagens etiquetadas, sem objetos clicáveis que não são links... ainda assim, poderá faltar-lhe uma característica fundamental: o conforto mínimo. Não pode ser de tal forma que não se consiga saltar conteúdos, sendo necessário navegar somente com o TAB.
NVDA, JAWS, Virtual Vision e Orca, quatro dos mais comuns leitores de telas, implementam a Navegação Estrutural. Por meio dela, é possível, pressionando somente uma tecla, saltar para o elemento HTML acionado pelo atalho. Vejam alguns comandos:

h: Cabeçalho
l: lista
i: item de lista
t: tabela
k: link
n: texto que não é link
f: campo de formulário
u: link não visitado
v: link visitado
e: campo de edição
b: botão
x: caixa de seleção
c: caixa de combinação
r: botão de opção
q: bloco de citação
s: separador
m: frame
g: gráfico
o: objeto embutido
1 a 6: cabeçalhos de nível 1 a 6 respectivamente

Adicionando shift a estes atalhos, consigo saltar para o elemento anterior. Um sistema que estruture a sua informação mais adequadamente, permite que se saltem informações com velocidade, ganhando magnificamente em produtividade. No SEI, consigo utilizar os atalhos referentes aos campos de formulário, mas não consigo utilizar muito mais do que isso.
Se a interface do SEI fosse reestruturada para permitir a Navegação Estrutural, o ganho seria extraordinário. Ainda faltaria encontrar alguma solução para a edição de documentos, mas ao menos seria possível utilizá-lo com conforto no que tange a documentos externos.
Imagino que as demandas sejam muitas e que não seja fácil priorizar ante ao fato de que recursos são escassos. Assim, é comum que a priorização se faça em relação àqueles aspectos que são mais reportados pelos órgãos usuários. Em relação a isso, digo que, no momento, a acessibilidade do SEI é ainda tão embrionária que dificilmente teremos muitos usuários cegos para reportar alguma coisa.
Para que o número de reportes cresça, antes é preciso viabilizar um mínimo.
Assim, pergunto-lhes:

1. Este cenário tão difícil foi reportado por outros usuários cegos?

2. Existem planos próximos de melhoria significativa da acessibilidade, tal como implementar recursos que permitam a Navegação Estrutural?


Luciano de Souza
Gerência de projetos
Comissão de Valores Mobiliários
11 2146-2080