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[Reflexão] Por que OpenACS deve mesmo ser considerado Software Público?

7 de Janeiro de 2008, 18:18 , por Desconhecido - | 1 Pessoa seguindo este artigo.
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Há algum tempo venho mexendo com OpenACS e nunca entendi direito por que essa arquitetura não é mais conhecida pelos desenvolvedores e evangelistas do software livre. Particularmente, não sei bem por que a arquitetura não é amplamente utilizada no setor público no Brasil. Talvez por não ser baseada em LAMPPP (linux/apache/mysql/php|perl|python); talvez por não ser baseada em Java... não sei. E também não me interesso muito em saber por que cada um defende aquilo que conhece, não é mesmo?

Até bem pouco tempo eu mantive o impulso de defender o OpenACS como uma alternativa viável e poderosa aos sistemas baseados nessas outras arquiteturas. Tinha aquele papo do tipo "aolserver é melhor que apache/tomcat/zserver juntos", "tcl é mais simples de usar e mais fácil de aprender do que perl/python", "php é uma m*$%&*", "mysql não se compara a postgresql" e por aí vaí. Olhando bem, acho que esses argumentos já estão velhos.. faziam sentido há coisa de 5 anos quando comecei a mexer com OpenACS mas hoje a coisa é diferente. Apache2 é um servidor bem melhor do que era na sua série 1.3.x , MySQL amando-o ou não já é um banco de dados respeitado, PHP tem avançado bem estabelecendo boas práticas e repositórios como o PEAR melhorando o reuso de código ou desenvolvendo coisas interessantes com o Drupal. Elas por elas eu ainda não troco Aolserver por Apache, TCL por Php/Perl/Python/Java e muito menos PGSQL por MySQL mas já aceito melhor :-)

Mas a questão não é essa. O objetivo aqui é refletir sobre por que OpenACS deve mesmo ser considerado software público e por isso ser melhor observado pela administração pública brasileira. Pelo exposto anteriormente eu vou evitar a abordagem técnica ou comparativa. Também não sou lá expert no conceito de Software Público e não vou para o lado do juridiquês ou do dicionário. Sobrou então um pouco da experiência que desenvolvendo e contribuindo com o OpenACS.

Até onde entendi pelas leituras disponibilizadas neste portal do SPB

aqui - > http://www.softwarepublico.gov.br/spb/O_que_e_o_SPB [1]

aqui -> http://www.softwarepublico.gov.br/spb/Resumo_do_Decreto_SISP [2]

e aqui -> http://www.softwarepublico.gov.br/spb/ArtigoMatConceitoSPB [3]

além das liberdades consolidadas nos modelos de licenciamento GPL (Licença Pública Geral) e compatíveis, o conceito de SPB parece estar fortemente ancorado no reconhecido pelo gestor público do "caráter cada vez mais estratégico do software para governos e sociedade,[d] a similaridade de demandas de entes públicos, [d]a restrição de recursos humanos e materiais para seu atendimento e [d]o acervo de soluções desenvolvidas pelos diferentes poderes e esferas"[3]. Também é enfatizado que o enfrentamento do desafio estratégico do software passa pela associação de estratégias para ampla publicização de softwares desenvolvidos pelo governo capazes de prever tratamento para o conjunto das restrições que surgem com o receio dos entes públicos em compartilhar software entre si e com a sociedade.

O conjunto dessas restrições acarretaria sobre o ente público que desenvolve e compartilha software alguns receios dos quais vou enfatizar por serem importantes para a argumentação de que OpenACS enquadra-se bem no conceito de software publico:

"sobrecarga por demandas de serviços de suporte e customização por parte dos demais usuários da solução, sem contrapartidas;

apropriação do código por instituições privadas, com o conseqüente “fechamento” do acesso a melhorias produzidas;

manutenção do nível de qualidade da solução para atender as demandas crescentes;

receio de potenciais usuários quanto a mudanças nas regras de acesso ao software, quanto à descontinuidade da solução etc;

inexistência de padrões universais para produzir e documentar programas;

desconhecimento de boas práticas similares

a complexa relação entre o setor público, privado, o terceiro setor e o colaborador individual, onde todos os atores tenham os seus papéis compreendidos para o pleno funcionamento de uma Comunidade" [3]

OpenACS nasceu e desenvolve-se como uma arquitetura escalável, estensível e robusta para oferecer um conjunto de aplicações na Web para sistemas que possuem demandas similares de colaboração e participação entre usuários.  A maneira única como OpenACS trata essa demanda possibilitou a evolução da plataforma de tal forma que sua aplicação se estende desde websites de comunidades até sistemas de e-leaning (dotLRN), sistemas do tipo ERP (]project-open[) ou redes de relacionamento (23hq). Se o problema a ser abordado com o emprego de software situa-se no domínio de oportunizar colaboração entre indivíduos, a arquitetura já provou ser altamente eficaz.

OpenACS é também uma das mais antigas plataformas para desenvolvimento de software que se tem notícia na Internet e ainda hoje segundo o site de estatísticas Ohloh é um dos sistemas que mantém grande atividade de desenvolvimento apesar de já contar com base de código considerada muito madura. Veja aqui.

OpenACS também é uma plataforma inovadora e, apesar de possuir uma base de código bastante extensa e estável, incorpora novidades rapidamente como  web2.0 e programação dinâmica orientada a objetos com a incorporação de construções XoTCL na base de código OpenACS.

E por que OpenACS evolui dessa forma?

A resposta mais simples está no reconhecimento de que na comunidade OpenACS é minimizado  o conjunto das restrições de desenvolver e de compartilhar software como as que são elencadas na fundamentação sobre SPB. O desafio de produzir software com garantia de compartilhamento e de evolução já é um dos pilares da evolução dessa plataforma. Creio que esse amadurecimento da Comunidade  é um fator importante no alinhamento com os conceitos desenvolvidos para o software público brasileiro.

Aqueles que se interessarem por software público e OpenACS se quiserem manifestar-se eu apreciaria muito! Seria interessante se pudéssemos elaborar uma publicação dentro dessa Comunidade para tratar esse assunto e dar visibilidade ao OpenACS com software público brasileiro.

Autor: Orzenil Silva Junior


1010 comentários

  • 12cf2da8b1a1753868c7e20816b7dab5?only path=false&size=50&d=404Eduardo Santos(usuário não autenticado)
    7 de Janeiro de 2008, 19:49

     

    Olá Orzenil,

    Antes de mais nada gostaria de parabenizar-lhe pela brilhante pesquisa e explanação a respeito dos conceitos aqui abordados. Não sou o dono do conceito muito menos um especialista graduado no assunto, mas como faço parte da equipe responsável por levá-lo adiante, tenho estudado bastante e de alguma forma contribuido para sua construção. Sim, construção, pois a primeira coisa que há para se saber a respeito do Software Público é que não se trata de um conceito pronto; ainda estamos construindo-o com a participação da comunidade e de alguns parceiros importantes, dentre os quais podemos citar o CENPRA (Centro de Pesquisas Renato Archer) de Campinas, a ABEP e o PNUD.

    Gostaria de convidá-los a participar desta discussão, pois pode contribuir bastante para o crescimento da comunidade e de tudo o que temos trabalhado a esse respeito. Caso tenha mais interesse há um grupo, moderado por enquanto, que trata somente do conceito, e terei prazer em inclui-lo e a qualquer outro membro da comunidade nesse grupo. A discussão ainda não está aberta ao público em geral porque estamos em fase de fechamento de um documento inicial que tem a pretensão de estabelecer o conceito e um modelo de qualidade para o software público. Mas estamos abertos a todos os que quiserem colaborar com a discussão.

    Passada essa explanação inicial, alguns links que podem enriquecer a discussão:

    Um primeiro modelo para o Software Público

    Software Público e as contribuições para informatização

    Talvez uma boa forma de abrir a explanação seja: por que público? Qual a diferença entre público e livre?

    Sem dúvidas são as perguntas mais comuns que vêm à cabeça. O conceito está bastante relacionado à teoria econômica de bens intangíveis, caso explícito do software, e à utilização do commons intelectual como um modelo de geração de riquezas para a sociedade. O livro Wikinomics cita um modelo de negócios dinâmico onde "a competição através da livre iniciativa e de mercados abertos está no cerne da economia dinâmica, e não podemos depender apenas da competição e interesse próprio de curto prazo para promover a inovação e bem-estar econômico. Mercados dinâmicos repousam sobre robustas bases comuns". Sobressaindo-se à lógica de mercado, o livro defende a tese de que deve haver uma base comum que sustente o crescimento econômico, utilizando-se da livre iniciativa.

    A principal diferença do modelo está no fato de respousar-se sobre o interesse público, não apenas no sentido de governo, mas de algo que pertence à toda a sociedade. Não apenas pertence a ela, mas serve como motor para impulsionar seus agentes, principalmente econômicos, para promover o crescimento através do bem comum que supera a propriedade intelectual. Se imaginarmos o software como uma pirâmide, sua base repousa sobre o código que, dependendo de sua qualidade, pode gerar uma comunidade. A partir do momento que essa comunidade gera riquezas criando uma espécie de "círculo vicioso do bem", onde mais riquezas geram mais conhecimentos que por sua vez alimentam novamente sua fonte, normalmente surgem a figura dos consórcios.

    Os consórcios são formados normalmente por empresas e instituições que entendem que para que o software se desenvolva é necessária uma sustentação financeira, papel de seus participantes. Podemos ver claramente esse exemplo no consórcio de empresas, universidades e instituições de ensino chamado dotLRN, que além de tudo isso ainda têm uma preocupação importante com a qualidade do software. Quando pensamos que pode existir um software que extrapola o interesse de um grupo de pessoas ou instituições para se tornar um interesse da sociedade, talvez pelo grande desenvolvimento tecnológico a que se propõe, temos no topo da pirâmide (ou talvez na base, dependendo do ponto de vista) o Software Público. Ainda que todos os envolvidos deixem de ganhar dinheiro ou a solução deixe de ser importante tecnologicamente, se for um interesse social passa a ser público. O governo pode então decidir destinar recursos, até mesmo financeiros, para o desenvolvimento do software, já que este preconiza por sua essência o crescimento da sociedade como um todo.

    E o OpenACS? Como se encaixa no conceito?

    Todas as vezes em que procuro um exemplo de comunidade de desenvolvimento me deparo com a comunidade OpenACS, que conseguiu superar até mesmo os interesses comerciais de uma empresa para manter-se viva contrariando a lógica do mercado. Ainda assim, ter uma comunidade organizada e vibrante é prerrogativa para um software ser considerado público?

    Pode ser que alguém diga que não, até mesmo com razão, porque se isso fosse verdade todos os intrumentos da sociedade civil organizada poderiam ser considerados bens públicos (e tem gente que pensa assim). Talvez a pergunta a ser feita nesse caso é: o OpenACS é de interesse social?

    Não acredito que essa pergunta tenha uma resposta fácil, mas por todos os motivos já expostos anteriormente pelo Orzenil, acredito que sim. Ainda que não seja, pode vir a ser, bastantado a isso que o governo ou a sociedade tome uma simples decisão: utilizá-lo. É fato que temos o OpenACS em várias escalas e em vários níveis de governo (sei de pelo menos quatro ministérios que usam), além de todos aqueles que ainda pretendem utilizá-lo. O desenvolvimento tecnológico do país, característica importante para que um bem possa ser considerado público, no caso do software acredito estar relacionado à capacitação dos cidadãos que o utilizam e à quantidade de riqueza gerada ao seu redor. Vejo todos os dias que o OpenACS também se encaixa nesse quesito, haja vista que sou procurado por uma enorme quantidade de pessoas interessadas em sua utilização.

    Contudo, acredito ainda que não há uma resposta definitiva para o fato de ser público ou não, mas obedecendo à prerrogativa de ser do povo, só o tempo dirá o quanto se encaixará na nossa sociedade. A nossa capacidade de gerar riquezas ao seu redor ou produzir avanços teconológicos dirá até que ponto conseguiremos enraizá-lo no conceito.

    Peço perdão pelo longo post, mas acredito que a colocação do Orzenil foi de extrema felicidade e senti vontade de participar. Convido a todos para que façam o mesmo. 

    • Aaa585a3b5743e24dad5fc7222fdda04?only path=false&size=50&d=404Orzenil Silva Junior(usuário não autenticado)
      7 de Janeiro de 2008, 23:14

       

      Eduardo,

      Obrigado pelos links. Vou atualizar a leitura assim que der.

      Sobre as sugestões que você levantou eu gostaria de fazer algumas considerações.

      O questionamento "Qual a diferença entre público e livre?" 

      Particularmente eu acho pouco produtivo e também não sei se é relevante no caso da discussão sobre software público. Isso porque parece estar bem estabelecido que o SPB adota as garantias possíveis através da adoção de licenciamento em modalidade GPL no software para superar boa parte das restrições comentadas sobre compartilhamento e colaboração. Isso pra mim já basta e se essa premissa continuar válida eu não vou ficar perguntando se é público ou se é livre :-)

      Depois, essa discussão sobre diferenças poderia talvez levar aos mesmos desentendimentos nas interpretação de open source e free software, que contribuem para deixar em lados opostos gente que poderia estar influenciando de forma mais decisiva no assunto mais importante desses movimentos que é compartilhar e colaborar.

      Talvez a pergunta a ser feita nesse caso é: o OpenACS é de interesse social?

      Essa é boa! E não teria dúvida em afirmar: sim, OpenACS é de interesse social. Da minha experiência tenho visto que apesar de o OpenACS contituir, à primeira vista, arquitetura estranha aos departamentos de TI nas esferas de governo essa impressão é superada quando se verifica o baixo custo de aquisição da arquitetura e a geração de novo conhecimento em equipes de TI.

      OpenACS não possui exigências específicas de hardware ou de sistema operacional, portanto é facilmente integrado a ambientes tão distintos como Gnu/Linux, *BSD, Solaris, MS-Windows.

      OpenACS não precisa pegar "no tranco" e nem precisa de "babá". Uma vez montado o ambiente, de acordo com a demanda de tráfego de dados,acessos concorrentes etc o bicho se vira sem muita necessidade de intervenção.

      OpenACS opera bem com sistemas externos previamente existentes em ambientes de produção de TI, como servidores de e-mail, sistemas de controle de acesso (LDAP, AD, PAM etc), sistemas gerenciadores de bancos de dados.

      OpenACS possui boas práticas de desenvolvimento (embora nem sempre bem documentadas deve-se dizer). Uma equipe pequena bem consciente de práticas como ListBuilder, Web Forms, Sistema de Templates, e com bom domínio de programação declarativa é suficiente para desenvolver e manter sistemas OpenACS.

      OpenACS possui capacidade de auto-documentação via API-DOC. Ao registrar um novo procedimento, documente-o adequadamente com ad_proc e voilá... documentação gerada.

      Poderia continuar elencando muitos outros aspectos relacionados. O ponto aqui é que uma solução com OpenACS tem o mérito de proporcionar um conjunto de conhecimentos que podem ser muito facilmente apropriados por equipes de TI e compartilhados com outras equipes que operam em ambientes heterogêneos de hardware/software porém com demandas similares.

      Se essas propriedades do OpenACS permitirem que boa parte da infra-estrutura de informatica de um ente público persista sem grandes rupturas por um período longo de tempo e ainda seja capaz de evoluir com a incorporação de inovações não há porque não considerá-lo software de interesse social.

      • 12cf2da8b1a1753868c7e20816b7dab5?only path=false&size=50&d=404Eduardo Santos(usuário não autenticado)
        9 de Janeiro de 2008, 12:26

         

        Olá Orzenil e pessoal,

        A discussão está realmente interessante. Gostaria de tocar num ponto muito bem defendido pelo Orzenil, principalmente no que diz respeito às facilidades tecnológicas e economia de recursos que a adoção do OpenACS podem trazer à instituição.

        Acredito que não possa acrescentar mais nenhum argumento sobre as vantagens tecnológicas em adotar o OpenACS, mas gostaria de tocar num ponto que traz uma grande diferença: todas as outras soluções que estão no Portal como Software Público foram desenvolvidas ou por órgãos do governo ou por instituições de ensino e pesquisa com recursos próprios. Ou seja, foi necessário um investimento inicial para que elas existissem.

        Ao partir para a escolha do OpenACS, a instituição ou até mesmo o governo, estão partindo de um investimento inicial quase que nenhum (tirando a dificuldade instalar que já conhecemos) para um produto pronto nas mãos. Se conseguirmos chegar ao nível que queremos para o OpenACS, principalmente tendo em vista que vamos colocar recursos do governo para o desenvolvimento do software esse ano, teremos uma solução ainda mais completa e robusta nas mãos. Podemos nos tornar ainda desenvolvedores que contribuem e influenciam o seu desenvolvimento.

        Só precisamos, é claro, de uma premissa importante: que seja interesse da sociedade. No momento, a maior contribuição que todos podemos dar é usar o OpenACS. A partir daí teremos sua total consolidação como bem público.

        • Aaa585a3b5743e24dad5fc7222fdda04?only path=false&size=50&d=404Orzenil Silva Junior(usuário não autenticado)
          9 de Janeiro de 2008, 13:20

           

          Eduardo,

          o argumento que você traz de que a utilização do OpenACS no governo não carece de investimento inicial  por ser uma soluçao ready-to-use desenvolvida por comunidade é razoável mas deve ser tomado com muita cautela. A utilização do OpenACS, e de qualquer SL, tem SIM investimento inicial considerável por parte de qualquer instituição ou indivíduo, e que implica em CUSTOS. E a dificuldade de instalação é o menor desses custos.

          Se você olhar bem nas estatísticas oferecidas pelo Ohloh no link que passei em post anterior o OpenACS já tem custo realizado de quase $15M (somente base de codigo) e envolveu o esforço de cerca de 300 pessoas, isso sem contar contribuidores eventuais.

          Isso não significa que uma instituição que passe a utilizar o OpenACS hoje evitaria esse custo de desenvolvimento para adequá-la ao uso. Isso porque você deve considerar que esse custo foi realizado com o objetivo de construir uma arquitetura voltada para resolver problemas similares de websites de comunidades. Quando maior for a similaridade desses problemas com aqueles que a instituição que vai utilizar OpenACS menor deverá, em tese, ser o custo de aquisição da tecnologia. E é óbvio esse custo será tanto menor quanto maior for a disponibilidade de equipe comprometida com a solução. Mas o CUSTO da aquisição vai sempre existir e será com certeza sempre relevante. Falo isso com base na experiência em todas as instalações de OpenACS das quais já participei.

          Então, a questão é: o desafio do OpenACS como software público passa por criar customizações ou extensões (na forma de pacotes) ou do core para atender demandas específicas do setor público. Além disso, criar canais de compartilhamento dessas customizações/extensões da forma menos radical possível quanto a base de código original. Mas NÃO é só isso!

          Você mesmo viu uma situação parecida com o aparecimento de CUSTO inicial na aquisição OpenACS com o caso do Fabrício da Iniciativa Amazônica. No caso dele, apesar da demanda por comunidade virtual ser semelhante a da Embrapa o CUSTO de aquisição foi tão alto e as complexidades que ele enfrentou foram tão grandes que eu acho que ele acabou desistindo e partindo pra outra, se não me engano, mesmo providas para a Iniciativa Amazonica as customizações realizadas pela EMBRAPA.

          Testemunhos como os do Fabrício seriam importantes para conhecermos melhor a realidade de tornar o OpenACS software público.

          Na minha opinião, mesmo que o governo coloque recursos para o desenvolvimento de software livre a similaridade de demanda em diferentes organismos do setor público não é tão grande para ser abordada com uma mesma solução. Além disso, ainda temos as complexidades de qualificação e tamanho de equipes de desenvolvimento, suporte etc. E acho seriamente que governo não deve investir dinheiro em software, deve investir dinheiro em qualificação de pessoas para a formação de boas práticas em TI.

          Seria muito mais interessantes por exemplo se o governo investisse numa arquitetura para suporte a design patterns para prover construtos eficientes para programação de sistemas do que nesse ou naquele software. E nesse caso é que eu acho que OpenACS poderia ser tomado como um bem público, porque suporte a patterns é exatamente o objetivo da integração do XOTCL no core do OpenACS 5.3.

          • 7cbe4e406599478e7042a9fb27066e31?only path=false&size=50&d=404Alessandro Landim(usuário não autenticado)
            9 de Janeiro de 2008, 19:54

             

            Olá pessoal,

            Acho que um dos grandes motivos é a falta de infra-estrutura para mudanças na área de desenvolvimento, para que isso não venha dar nenhum problema no andamento dos projetos. A área de desenvolvimento, muita das vezes, é tocada sem recursos e sem pessoal suficiente para resolver todos os problemas.

            Imagine você sendo chefe de uma equipe de desenvolvimento, se depara com o OpenACS e impõe a sua equipe que eles terão que aprender e criar novos sistemas com esse achado. Isso é loucura! Você vai reduzir a zero a produtividade da sua equipe por alguns meses, e ainda, com várias cobranças sobre novos sistemas na empresa, sem contar na falta de interesse que os desenvolvedores tem por aprender a utilizar um software que não tem mercado, pode ser que agora tenha, mas enquanto eles não verem em um jornal "empresa contrata desenvolvedor OpenACS pelo valor XXX" eles não vão ter interesse. Claro que muitos têm interesse quando vê, porém não tem tempo porque está envolvido em projetos com outras tecnologias e precisa se aprofundar nisso.

            O outro fator é a demora dos demandantes em visualizar a necessidade de um novo sistema e, por estar precisando disso para ontem, cobram rapidez no desenvolvimento. Com essa conduta a equipe fica sempre sobrecarregada e, consequentemente, ficam sem tempo para se atualizar com as novas tecnologias; fazendo com que a área fique lotada de projetos em prazo curtíssimo e com tecnologias antigas. Bem, não estou dizendo que o Java, o PHP ou Pyton estejam defasados, o fato é que se um dia estiver a equipe de desenvolvimento terá sérios problemas para se adptar a nova realidade.

            Se o OpenACS tivesse um discurso do tipo "O OpenACS é o futuro", assim como o java teve, isso ia facilitar. =)

             

            Landim 

            • Aaa585a3b5743e24dad5fc7222fdda04?only path=false&size=50&d=404Orzenil Silva Junior(usuário não autenticado)
              10 de Janeiro de 2008, 13:09

               

              Então, Landim, o que você chamou de falta de infra-estrutura para mudanças, eu acho, é a mesma situação que eu coloquei anteriormente descrevendo como problema da  qualificação e do tamanho de equipes de desenvolvimento. Esse é um problema mas não é O problema, eu acho!

              O problema é exatamente o que você descreveu ao falar da situação de um chefe (gerente) de desenvolvimento que se depara com um software (ou uma linguagem ou uma plataforma ou uma arquitetura) qualquer e impõe a utilização dele para a equipe. Aí é ficar o tempo todo trocando 6 por meia dúzia. Aí vem essa conversa de produtividade, de metodologia, de padronização, de paradigma e blah blah blah. Aí vem curso, treinamento, seminário e um monte de bobagem pra envolver a equipe. E a equipe que normalmente já é pequena vai produzir menos na expectativa de um dia ser mais produtiva.

              Não sei vocês mas eu acredito que produtividade se aprende sendo produtivo. Não é trocando de uma linguagem de programação pra outra ou de um software para outro ou adotando um processo no lugar de outro.

              E para ser produtivo uma equipe precisa primeiro saber usar o conhecimento que ela já aprendeu para resolver um problema novo. Isso quer dizer que a equipe produtiva sabe identificar similaridades entre o novo problema e um problema anterior que ela já resolveu de uma determinada maneira. Essa maneira de resolver problemas similares é que constitui um pattern. Por isso, eu acho que o OpenACS (ou qualquer software) só vai ser social (ou público) se a equipe que o utiliza souber identificar quais são os problemas similares que podem ser resolvidos e dominar os patterns que constituem a soluçao mais aproximada.

              No meu entendimento, é só isso que vai evitar que a equipe de desenvolvimento de software tenha que adquirir conhecimento novo toda vez que surge um problema. Esse pra mim é o software social e de interesse público.

              Eu tenho passeado pela comunidade do InVesalius aqui no portal do SPB e tenho visto como é interessante o trabalho deles. Eles conseguiram identificar um série de problemas para a pesquisa deles associados direta ou indiretamente ao software que eles desenvolveram. Então aplicam o conhecimento que já construíram para abordar esses problemas que são similares entre si. Parece-me que o pessoal do InVesalius é muito produtivo mas eu arrisco dizer que eles não são produtivos por que o Invesalius é desenvolvido em Python ao invés de XoTCL. Claro que isso é só palpite, seria melhor convidar alguém do Invesalius pra falar sobre isso.

              • 7cbe4e406599478e7042a9fb27066e31?only path=false&size=50&d=404Alessandro Landim(usuário não autenticado)
                11 de Janeiro de 2008, 14:34

                 

                Concordo com você que produtividade a gente aprende sendo produtivo, mas quando eu toquei no assunto produtividade foi no sentido de que o departamento iria parar de produzir, fechar as portas por um tempo, e não que isso ia afetar a produtividade e lá lá lá.

                A questão é que sempre que vamos mudar, as coisas ficam, por um tempo, mais difíceis do que eram. Imagine o medo que uma pessoa tem no seu trabalho de trocar o Windows por Linux,  e de um dia o chefe entrar na sala e pedir um relatório para ontem. Essa troca deixa a pessoa impotente em relação aquilo que ela fazia antes.

                As vezes o que falta é o momento certo para testar e usar outras alternativas, vai depender do seu interesse e da sua carga de trabalho.
                 

                Landim

              • 12cf2da8b1a1753868c7e20816b7dab5?only path=false&size=50&d=404Eduardo Santos(usuário não autenticado)
                29 de Janeiro de 2008, 17:00

                 

                Só um comentário: o pessoal do InVesalius é uma pessoa só. A Tati é a desenvolvedora responsável e faz parte da nossa comunidade também. Posso dizer que ela é realmente produtiva, tanto que além de fazer tudo o que ela já faz como responsável pela comunidade, ainda tenta ajudar nos testes para desenvolvimento do Portal.

                Concordo em gênero, número e grau com o Orzenil: ser produtivo é saber aplicar o conhecimento e reutilizá-lo. Um bom exemplo ainda sobre a Tatiana, é que ela desenvolveu um outro software utilizando as mesmas tecnologias do InVesalius, mas ainda para processamento de imagens. Realmente acho que é possível resolver quase tudo utilizando a engenharia do OpenACS, tanto que muitas vezes sou conhecido por superestimar o seu valor. Pra mim, mais um ponto para o OpenACS como bem público, utilizando a definição muito bem delineada pelo Orzenil.

          • 12cf2da8b1a1753868c7e20816b7dab5?only path=false&size=50&d=404Eduardo Santos(usuário não autenticado)
            29 de Janeiro de 2008, 17:03

             

            Orzenil, eu acho que grande parte disso que você falou está na e-ping. Dá uma olhada:

            www.​gove​rnoe​letr​onic​o.go​v.br​/aco​es-e​-pro​jeto​s/e-​ping​-pad​roes​-de-​inte​rope​rabi​lida​de

            É uma tentativa governamental de padronizar o desenvolvimento de software em conjunto com a sociedade. Com o crescimento do Portal do Software Público, temos o sonho de conseguir mapear as demandas da população, verificar uma solução no Portal ou no mercado que já exista para esse fim e aplicar a e-ping no seu desenvolvimento. É um sonho, mas estamos fazendo isso aos poucos. 

            • Aaa585a3b5743e24dad5fc7222fdda04?only path=false&size=50&d=404Orzenil Silva Junior(usuário não autenticado)
              29 de Janeiro de 2008, 20:40

               

              Eduardo,

              Só pra constar. (Grande) Parte do que eu falei, e acho que me repito há bastante tempo, está no E-Ping (um documento muito esclarecedor) .

              Mas também existe outro documento um pouco mais antigo, lá dos idos do governo passado, conhecido como Livro Verde da Sociedade da Informação, elaborado por grupos temáticos coordenados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, dentro do programa Sociedade da Informação, instituído pelo Decreto nº 3.294, de 15.12.99.

              Em 1999/2000, o Livro Verde já apontava que

              "O governo, nos níveis federal, estadual e municipal, tem o papel de assegurar o acesso universal às tecnologias de informação e comunicação e a seus benefícios, independentemente da localização geográfica e da situação social do cidadão, garantindo níveis básicos de serviços, estimulando a interoperabilidade de tecnologias e de redes [negrito meu]. Além disso, cabe ao governo estimular e viabilizar a participação das organizações sem fins lucrativos, dos pequenos negócios e dos segmentos sociais marginalizados e de minorias, de modo que esses segmentos possam ter acesso aos benefícios que a Sociedade da Informação venha a proporcionar."

              Infelizmente o documento tem um viés elitista e aponta a universidade e setor privado como os grandes agentes de inovação para a sociedade da informação [argh] , enquanto o interesse público é representado pela denominação inócua de "sociedade civil". Mas  acho que ainda assim vale a leitura.

              ftp.​mct.​gov.​br/T​emas​/Soc​info​/Liv​ro_V​erde​/Def​ault​.htm​&nbs​p;

Oportunidade de Trabalho com OpenACS

9 de Dezembro de 2011, 16:07, por Desconhecido

Domí­nio do ambiente Linux em modo Shell;



Fundamentos de desenvolvimento e criação de comunidades virtuais com o framework OpenACS

28 de Outubro de 2010, 16:51, por Desconhecido

Durante o Latinoware, que será realizado em Foz do Iguaçu entre os dias 10 e 12 de Novembro, será realizada uma oficina sobre desenvolvimento em OpenACS. A oficina é parte da iniciativa de compartilhamento do Projeto Software Público Internacional, e conta com apoio da organização.



Oficina sobre OpenACS em Belo Horizonte

19 de Novembro de 2008, 9:43, por Desconhecido

No dia 27 de novembro de 2008, será realizado durante o Encontro Mineiro de Software Livre, uma oficina para formação de desenvolvedores OpenACS. A oficina tem por objetivo introduzir a ferramenta na cidade e atender a uma demanda crescente por especialistas na área.



Treinamento em OpenACS em Brasília tem sua aula inaugural

10 de Novembro de 2008, 9:43, por Desconhecido

Fruto de uma paceria entre a Lupa Treinamento e a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, começou no último Sábado o terceiro treinamento em OpenACS realizado em Brasília.



Instalacao do OACS 5.3 em Debian e Ubuntu

29 de Janeiro de 2008, 16:52, por Desconhecido

Acaba http://cognovis.de/developer/ou de sair do forno...